segunda-feira, 30 de julho de 2012

Um vazare...

E.

Quanto tempo...
sem intercalados discursos que se misturam, se confundem.
Ando como me parece que devo andar, caminhando.
Me faltam os solavancos dos encontros,
doídos
solidários.
Bagunça nossa!

Dizem por aí que o tempo passa
e passam as uvas. (rá !)
Só não quero que passe
a indigência daquelas palavras.
A inspiração compartilhada.

Convite sem vergonha esse meu...
Daquele e de novo jeito,
bora?

Compartilharemos?

G.


sábado, 28 de maio de 2011

que imprudência a minha

Querida E.

Que perigo há em reler antigos textos, angústias e diálogos recheados de vontade de entender?
Me embaracei por aqui e me embrulhei por dentro. Caramba... que saudade do diálogo, na verdade da ressonância dele. Pois eram mais constantes as trocas.

Saudade da casa verde.
Saudade da falta de disciplina.
Saudade do perigoso cigano, que já matou gente.
Saudade da nossa brisa necessária.
Dos chororôs
Saudade da sua companhia.

Coisa maluca essa que me deixou melodramática!

Senti saudade de escrever, sabe?
De me comunicar
De desenrolar
E se embaraçar denovo.

Gostei do que reli
me identifiquei e me perdi ao mesmo tempo
desconfiei
e confesso que me encontro procurando o que deixei por aí
por ali
e por AQUI.

Esse meu texto travado só inspira meu reencontro
o nosso
daquele jeito
que há de ser
renovador

E porque não??

Que venham os novos formatos pra preencher uma lacuna que confesso ficou assobiando nos meus ouvidos essa noite.

Ah, como eu gosto de você!

Um beijo
G.

segunda-feira, 22 de março de 2010

novo suspiro

Êta vontade que some quando dá na telha.
Força que se desmancha nos dias que passam.
Leveza pode ser nome do que sinto, dessa insignificância de ser.
De nenhuma vontade.
Respirar eu tenho, agir pouco menos.
Agir,
NADA!
E nisso que abriga pouco de luz, que é magnânimo de mim, me perco e não faço, não ajo, não falo, não discuto, não peço, não quero
Mas espero...
Segundo passo para minha mudez é o nem esperar, quem sabe.
Ando tranquila, de mim, com o mundo, não com nós.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Querida E.

Queria você por perto.

Porque descobri a obscuridade do meu próprio ser e isso me parece mortífero.

E dói.

E há de existir a resignação e o retorno ao casulo da cura.

Lágrimas e mais lágrimas rolando de vergonha.

Ser relusente é muito mais bonito. Como quando Bethânia diz que se parece com um morro iluminado.

Quem me dera!

Carrego meu casulo, como carrego meus erros, porque no acalento do primeiro trago o segundo protegida, sem medo de que eles me machuquem.

As flechas por mim lançadas atingiram de maneira infame e teimosa, meu Ser.


O desejo do calor e da paz visceral de uma mãe me domina.


(a vontade de recém-nascer)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Fumei meu último cigarro... só me resta dormir.

E enrolada no lagartixo que amo ei de sonhar!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Que saudade!

Ano Novo

E.

Depois de tempos sem comunicação com o universo acesso o Twitter e percebo como os objetos de desejo, de argumentação, a sede de atenção e o egocentrismo alheio nem sempre são diferentes daqueles que deixei ano passado.

Aí me pergunto se a minha fome altera de acordo com os útimos dígitos do ano que segue. Fico, por vezes, preocupada por não ter grandes anseios e nem uma lista de afazeres e mudanças ou "novos" sonhos, porque parece que a sede e a fome não alteram o objeto a ser devorado. Elas são as mesmas, com proporções diferentes e só.

Vai ver é isso, sou eu um ser repetido, desde os treze anos de idade. Ou serão os outros (os iguais) disfarçados com novas fantasias. E já que vem por aí o carnaval, que fabriquemos as nossas. Ou que se compre na loja. Ah, loja (imprudência contemporânea a minha). Que por internet, então, sejam elas desejadas e obtidas. No twitter mesmo é possível escolher a sua.

E assim vai meu ano novo...

Haiti e previstas disputas políticas.
Editais de concurso e ansiedade de vida feita.
Mudança de alimentação planejada e pouco exercitada.
Defesa ao vinho necessário dos meus dia, porque do mel não abro mão.
Fogão novo, presente da irmã Carolina.
Receitas experimentais e muito sufoco.
etc.
etc.

E eu? A mesmíssima de 2009 com o adendo das novas falhas, acumuladas dia a dia.

Ah, que delícia.

Saudade imensa!

Ps. Cabelo necessitando de companhia corajosa.

Bjs

G.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Diálogos/leituras inesperados

Ah, português maldito... no título já devo me render ao maculado masculino.

Escrevi um dia...

Como nos plurais a língua portuguesa nega a existência subjetiva humana e traduz o homo por homem.

Hoje presenciei um diálogo engraçado. Experimentei uma vez e neguei a interação, só observei.
Interessante e novo, para mim, intensa e derramada, um novo objeto de percepção. (a apatia)

- eu ainda quero casar, disse Maria, ter filhos, uma família.
- quer uma faca? disse ana

Analizaremos, cada um por si, a faca.
E eu conto que ela servia única e exclusivamente para o corte.

cenário... confeitaria das famílias.

Diálogo dois

-Ah! eu tenho tudo isso aqui (monografia na mão)
-Ah! e eu tenho uma prova
-Eu tenho uma filha!
(silêncio)

-,-,-Vamo indo?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

É que depois da briga vem a exaustão.
E a gente não fala mais nada porque esgotou tudo que existia por dentro.
A tormenta que provoco com as minhas palavras me devolvem um choro incessante de arrependimento.
A falta de controle das próprias ações é reflexo da minha adolescência infinda.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Da vontade

Os dias estavam lentos, pastosos e a moça não tinha mais vontades. Mas a manhã era fria e ela adorava as manhãs geladas. O nariz estava vermelho e congelado. E havia calor. De repente ela acordou com uma lambida do sol, bem assim na cara. Feito um cachorro o sol a lambia feliz, a descongelar seu nariz e a fazer aqueles ruídos ansiosos que só os cachorros fazem. O sol arfava.
Ao olhar através da janela viu o dia perfeito de frio e sol. Ela então levantou-se da cama e finalmente decidiu que encararia a cidade. Passou um café e o bebeu devagar. Estava experimentando a fumaça quente. Fez xixi, lavou-se, penteou- se. Era a vontade chegando.

De súbito jogou-se. Rápido. Caiu assim do vigésimo andar.

No caminho matou uma velha. Ambas não existem mais.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

E.

É...

sabe que fiquei com medo dele? Imaginando aquelas histórias cinematográficas de perseguição e coisa e tal.

O mais estranho é que enquanto ele falava, eu falava, via as cenas, imagina cenários e escutava musiquinhas de trilha sonora.

Queria filmar aquilo

e não seria nada inédito.

Nos deparamos, me parece, com a realidade mórbida,

nua e crua, como tal,

como a vida.

Românticas nós,

fantasiamos!

E aí, vem um cigano e te diz com olhar, terno e ameaçador, que dorme depois de matar alguém.

"êta vida besta, meu deus!"

Um beijo,

G.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Tarde

G.

Hoje o cara parou, pediu cigarro e contou que já matou. Contou que tem uma filha que é linda igual você. Ele falou que o que tá valendo mesmo é roubar mp12. Esses cellularzinho não vale 10 pila. E você falava e falava e falava. Ele te tirou de malandra. E aí disse que você era malandra, mas que eu era ainda mais perigosa que você. Aí eu até brinquei um pouquinho, haha, é eu quero robar banco e talz. E ele te falou que quando você for assaltada, é só falar que é amiga do Cigano. Você até falou pra ele parar de roubar. Eu ri quando ele falou que você parecia a ex dele. Ele me perguntou se eu conhecia o Escadinha. Você perguntou pra ele como era matar. Ele disse que foi batizado. E eu nem sabia que já tem mp12. Ele falou de armas, de família, de estuprador na cadeia, de helicóptero até.
Ele me entardeceu o dia. Subitamente subverteu a minha ordem. Será que eu sou mais perigosa porque eu sou quietinha? Só sei que o Cigano, cara jaguara, sabido das coisas, só quis se despedir de você, ignorou solenemente meu adeus. E foi só pra você que ele ofertou o nome salvador. Por via das dúvidas, é bom ficar de olho. E se eu sou mesmo perigosíssima e não sei?

E.

domingo, 29 de novembro de 2009

Ah, claro.

Isso tudo pra dizer que fiz uma seleção de músicas, esta mesma que está me deixando mais viva.
Aí pensei naquela coisa de virar música depois da morte, sei que você gostou.
E então decidi, pelo último encontro, que as músicas seriam agora um jeito perfeito de me comunicar com você.

Vá lá na rádio uol e coloque meu email/gmail e senha: vicente9.


E.

G.

Tanta coisa pra fazer, mas o sábado foi lento:

ressaca
res.sa.ca
sf (cast resaca) 1 Fluxo e refluxo das ondas. 2 Fenômeno produzido pelo refluxo das ondas, no mar, sob o nível médio das águas. 3 Porto formado pela maré cheia. 4 Cansaço, enfado após uma noite passada em claro. 5 pop Mal-estar no dia seguinte ao de uma bebedeira. 6 Inconstância, versatilidade, volubilidade.

Não fui a única.

Hoje amanheci sorrindo e agora tô até cantando. Volto à vida e ao foco. Tem aí uma disciplina pra me emprestar?

Um beijo,

E

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cheguei ontem com o peito mais apertado do mundo. Tava meio bêbada. Tava segurando o coração que literalmente queria sair pela boca. Mas tava cansada, sentindo aquele cansaço secular. Chorei mais ainda. O meu interlocutor chegou e eu não tive mais forças de me expor. Hoje, talvez a gente se encare.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Uma brisa...

E.

Hoje acordei como há tempos não me sentia, de olhos abertos e peito aberto (viva o clichê!). E vai dizer, nem estava uma manhã tão agradável assim, um céu que parecia indeciso. Esse foi o meu e único instante de angústia até agora: Putz! Quer ver que hoje chove, e eu de saia.

É...

Hoje eu coloquei saia, chinelo e um colar vermelho que gosto. Pintei as unhas e os lábios. De onde será que vem as sensações? Quem comanda as interferências? Eu acho que existem os donos. Queria eu ser um deles, ou uma delas mesmo!

Tudo isso por culpa de um bom humor inesperado e inexplicável, daqueles sem nenhum motivo aparente, daqueles que te fazem caminhar com a brisa, ao mesmo ritmo. Um tanto orgânico, não? Hoje não divido espaço com tudo e todos, mas ocupo o meu e ao mesmo tempo o de tudo e de todos. Dá pra compartilhar!

Vi preços de passagens para Buenos Aires, calculei tudo e me deparei com o peso valendo R$0,45. Voltei do almoço escutando, és um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho, tempo, tempo, tempo... Lembrei-me do pai. Liguei e mandei beijos.

Já percebeu como as rádios da cidade costumam tocar músicas interpretadas por artistas que estão pra fazer show por aqui?

Óbvios!

Tenho reunião por cá. E nada há de estragar meu humor e desviar meus pensamentos dos vinhos argentinos!

Besos!

G.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

...


G.
Este é mesmo pessoal.
Tava pensando, e de intelocutor veio você.

Noite. Apartamento.Computador. Eu tô cansada e na frente do computador. Há uma hora quase. Meu corpo tá cansado de hoje. E sabe que eu não entendo porquêdiabos eu não consigo me fixar em uma boa postura na frente do computador? Sinto que todo dia eu calcifico um pouquinho mais do bico de papagaio e das dores que me trarão a velhice. A última coisa que eu comi foi aquele peixinho seco do ru. Vamos rezar pra que amanhã todos os cozinheiros acordem de bom humor. Eu levo o shoyu. E eu acho que eu não sei me relacionar. Qualquer tipo de relação. ou as mais genéricas. Eu não sei lidar muito bem com quem ainda não é meu amigo, saca? Rola uma empatia, umas conversas, uma simpatia mesmo (simpatia é quase amor, não é?). Mas nos dias que se seguem, se eu encontro as pessoas, sei lá, às vezes não sei lidar. Tenho melhorado, tenho tentado. Eu sou meio estranha mesmo. E eu queria falar também que eu tô cansada de ouvir gente falando que "tá uma correria". Juro, e eu me incluo nessa "gente". Tô cansada das pessoas que conversam com as outras em palestras, e que ficam falando coisas sobre sei lá, bolo de carne. Hoje durante uma palestra, por diversas vezes, umas mulheres ficaram conversandinho. E eu juro que ouvi elas falarem de comida. Mas eu já falei disso pra você. Ando me repetindo. Ando me repetindo e me preocupando com coisas assim. ai, ai. É óbvio que a esta altura você já deve ter percebido que o texto tá todo zoado. Bem à la Adriana na canção; Sem ordem, sem harmonia, sem belo, sem passado, sem arte, sem artéria, sem matéria, sem artista, sem voz, sem formato... dor muscular. postura de corcunda. Tô com fome. Acho que vou comer. Não, acho que não. Ah, acabei de falar com meus pais. Se dizem tão saudosos quanto eu. Eles são tão queridos. Quero tanto ir. Ok. O foco. Mas eu juro que eu tô focando.Tô meio orgulhosinha até. Mas não falo muito que é pra não desandá. Ow, qualquer coisa, me ligue amanhã. Ah, a gente vai almoçar, já tava quase me esquecendo. Ok. Acho que é isso. Vou me descolar da cadeira e ir pro mundo. Um beijo e boa noite.
E.


domingo, 22 de novembro de 2009

Cassete!

Never more...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Preocupação

E.

Te comunica...

Bjs

G.

domingo, 15 de novembro de 2009

Cadê o lirismo que tava aqui?


foi pra casa do caralho, junto com o filho da puta
que me assaltou e levou com ele
toda a minha vontade.

domingo ensolarado

é quando eu me transformo nesta personagem insana, que não vê nada além do próprio umbigo. A visão turva e eu só consigo ver que você é o alvo. A sua saída brusca e acusativa me deixa aqui com essa vontade gigantesca de gritar. Joguei um pão duro na parede e me senti ainda mais ridícula. Essas situações mal resolvidas são assim, auto- explicáveis. É tudo um embolado de sentimentos díspares. Uma massa amorfa de amor, ódio e palavras não compreendidas. Acusações e entendimentos. Carinho e as colocações mais duras e distantes.
Mas o showzinho desta vez não foi por conta dos afazeres não feitos. Ele data de um tempo que já não existe mais. É tudo sobre o agora. O nosso tempo, nesta configuração, já não é mais.

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A raiva já tá passando, eu não choro mais. Agora, os olhos já límpidos me deixam ver a massaroca que tô carregando aqui dentro. Vai, me abre com uma puta duma faca e tira tudo de dentro. De uma vez só.

sábado, 14 de novembro de 2009

Da existência I

Eu me masturbo em frente ao computador. Eu sigo pessoas. Eu vejo e finjo que não vi. Eu reparo em tudo o que há para reparar. Eu dissimulo. Eu minto. Eu encho a cara e fico pra cair de bêbada. Eu fumo maconha. Eu sou feia e tenho as pernas tornas. Eu tenho sonhos eróticos com homens desconhecidos. Eu desejo, eu desejo muito. Eu sou a criatura mais infame. Sou estúpida e burra. Eu não sou autênica. Eu não sou moderna. Eu não sou descolada. Eu sou só. Eu não tenho dotes artísticos. Não faço teatro, não toco violão. Eu sou pobre. Eu me engano conscientemente. Eu pego emprestado sem pedir. Eu não pago. Eu fujo. Eu me enrolo. Eu me confundo. Eu me exponho. Eu demoro no banho e nestas horas eu quero que todo o planeta se foda "Que se foda o desperdício de água e energia, eu tomo banhos deliciosamente demorados." É, eu sou egoísta. Eu não reciclo lixo e não falo bom dia aos porteiros. Eu não ajudo as velhinhas. Eu já desviei uma cega de seu caminho. Eu já traí. Eu não sou loira e não tenho peitos grandes. Meus olhos são do castanho mais comum. Eu gosto de espiar. Eu ouço conversas alheias. Meu humor é negro. Eu tenho mau - humor e mau - hálito - e - chulé. Eu como os animais. Eu roubo em lojas de departamentos. Eu vasculho a correspondência das gentes. Eu entro sem pedir licença. Eu nego doces às crianças. Eu não gosto delas. Eu adio compromissos inadiáveis e eu invento histórias. Eu não como fruta. Eu não dou esmolas. Fumo e tenho os dentes amarelados. Eu não presto atenção nos meus interlocutores. Eu não me relaciono. Eu me entristeço. Sou enfadonha e mesquinha. Eu não lembro os nomes. Eu nem sei fritar um ovo. Eu me angustio. Eu choro. Eu explodo. Eu não me controlo.

-

Eu sou.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Aos esparados comentários...

É bom matar a sede em copo alheio!

Amarelo é Vermelho

E.

Passeio por blogues, me diverto e choco pequenos pedaços ingênuos de minha alma. Dando voltas está minha cabeça e meus pensamentos, sem reproduzir, estagnados. Já se sentiu incapaz de criar? Quando todas aquelas coisas mundanas andam por consumir e tudo que é matéria funciona, menos eu.

Descolo um pouco daquilo que devo ser. E uma liberdade manca me coloca a tropeços. Colo e descolo de outras imagens que construí. Lembra daquelas bonecas de papelão chapado que vestíamos com roupas de papel? Lembra daquele dia que te disse que rosnei, hoje eu fugi. Vestígios daquilo que eu busco aparecem nestas lacunas confusas, de coragem e medo. Já dissemos que no fundo elas são a mesma coisa?

Fiquei pensando naquela história das nossas frustações estarem todas relacionadas à nossa incapacidade de reconhecer tempos alheios. E ando por aqui na dificuldade de reconhecer os meus próprios e alheios.

São tantos os tempos a considerar...


Que triste a história do vizinho. Foi doce pensar na morte ao som de Camille e só! Choro a delicadeza findável da nossa existência.

Hoje é um dia de vento forte e hurtmold nostálgico...

Bjos, até.

G.
A um homossexual assassinado

Adestrava cachorros.
Provavelmente nunca te morderam.
Hoje estás para sempre debaixo da terra
morto por homens
que adestram
demônios.

Renata Pallottini


Ao lado

Era uma sexta-feira dessas normais. Um dia como outro qualquer. A moça havia dormido até tarde e planejava almoçar e fazer compras para a limpeza da casa. O dia havia chegado, não era mais possível protelar. A casa seria limpa e ela então colocaria em ordem o que estava a seu alcance. Cumpriu o combinado com ela mesma: dedicou sua tarde de sexta a ouvir música e limpar minuciosamente cada cantinho da casa.
Barulho o dia todo: o aspirador funcionando, camille cantando, e a treze de maio funcionando em alto e bom som, ecoando normalmente suas sirenes e gritos para além das janelas do último andar. Dia tipicamente barulhento, nem se quisesse ela ouviria a morte ao lado.

Um homem foi assassinado. Uma parede fina os separava. Enquanto a arrumação estava sendo feita, o homem ao lado agonizava em seus últimos momentos de existência. Foi esfaqueado. O porteiro querido disse mais tarde que o apartamento foi todo destruído, que pelo jeito houve luta e que o teto ficou todo cheio sangue. Ela não ouviu nada. O banheiro ensopado e a casa totalmente desfigurada. Ela não ouviu nada. Ficou depois a pensar no que estaria fazendo no momento da primeira facada, qual verso da música cantava? Qual cômodo limpava? Batidas sem resposta foi só o que ela ouviu mais tarde. Normal, não? Bateram mais uma vez e nada. De novo bateram e nada. E aí as batidas foram ficando mais fortes e o batedor começava também a apertar muito a campanhia, como se a força da estridência daquele som pudesse salvar aquele homem do nada que ele então já se tornara... Só mais tarde ela percebeu que havia pessoas na casa. Eram da polícia, disse depois o porteiro querido. Tinham ido retirar o corpo. Chamava-se Cacá. Passava aspirador ou lavava a privada?
Era tão comum aquela porta sendo batida... O porteiro querido também contou que o Cacá recebia muita gente diferente e que essa gente subia sempre. Como quem subiu na última sexta-feira do Cacá. O cara chegou lá pelas 16 e trinta e pediu para o porteiro intefonar. Ele interfonou, o vizinho autorizou e o cara subiu. Tirava os pêlos do ralo ou limpava o carpete? Segundo o porteiro querido "o cara não subiu com a intenção de matar". Mas ele acabou mudando de idéia e matou, aparentemente depois da briguinha que eles tiveram. O cara, depois de matar, pegou a carteira e as chaves do vizinho, saiu, trancou o apartamento e deixou carteira e chaves na lata de lixo do último andar. Foi embora. A camêra de segurança não grava imagens... O porteiro querido disse que se fosse ele que estivesse na portaria na hora do ocorrido ele saberia identificar o assassino, mas que graças a deus ele escapou "disso aí". O caso é que a morte deve ter ocorrido entre 17 e 18 horas mais ou menos... entre 17 e 18 e horas o homem ao lado deixava de existir. Fazia xixi ou primeiro lanche da tarde? Eram já 19 horas e o vizinho deveria estar no trabalho às 18. Foi o sócio que foi até o apartamento e bateu na porta até se cansar. Preocupou- se com silêncio e foi ao bar para buscar uma chave do apartamento que ficava por lá. Aí ele voltou e abriu a porta: tudo destruído e o amigo morto. Mortinho. De tanto sangue que escorria tiveram que lavar o elevador. O vizinho era grande e tinha uma cachorrinha. A comida dele sempre cheirava muito muito bem e um dia a moça o elogiou e ele disse com orgulho que era chefe de cozinha. Uma vez também comentaram que quase não ouviam barulho um do outro, "Só da janela de ferro" ele disse, "e às vezes, ouço você cantar"... A moça ficou sabendo do ocorrido pela nova vizinha. No dia seguinte, saía feliz para almoçar, afinal a sexta-feira havia sido extremamente tranquila... "Sabia vizinha, que mataram ontem nosso vizinho?" O coração da moça pulsava e naquele momento ele então disparou. Era simpático e engraçado o vizinho. O que terá acontecido com a cachorrinha? No elevador há resquícios de sabão em pó. Quem lava o sangue nestes casos?
O vizinho morrendo e a moça cantando. Uma parede os separava. Ainda há barulho, cheiros e cantos, mas não há mais hoje para o vizinho engraçado que um dia existiu.

E.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

sans sense


-

Uma farsa. Voltei à casa apesar de jurar o contrário. Mando desculpas e justificativas por email. Désolé. Tento dar conta de mim e já é suficientemente custoso.
"De qualquer forma não me queixo, o inesperado quer chegar, eu deixo."

-

Amanhã eu resolvo.

A doce realidade dos dias que estão por vir. Sempre os melhores.
"Será que a gente é louca ou lúcida quando quer que tudo vire música?"

-

Um outro me intriga. E eu que adoro complicações vou por aqui me complicando.
"E a gente faz e acontece nesta vida, nessas telas, nessas bagatelas..."

-

Cárcere do pensar. Não há libertação de ti?
"Que bom que eu não tinha um revólver..."

-

E.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Ah! Que bonitinho...

Tenho tantas coisas pra te contar e por incrível que pareça, porque tivemos nossa hora de brisa hoje. E tô com um soluço infernal e acabei de perder um cigarro pois molhei a ponta dele em algo que denominei de cinzeiro.

Legenda:

Up: meu soluço.

Tento encontrar hoje aquele algo de mim que me carregou no colo ontem. Na tentativa é que me perco, por essa falta da fortaleza que não é minha e da loucura alheia que me afeta. Vai saber...

E ando pensando cá com meus botões (clichezinho emprestado e que serve) que o caminho que decido é apenas aquele algo que me afaga, aquilo de antídodo para as bruxarias e que me assegura da bruxa.

Sou um pedaço

(Up!)

de tentativa de coragem, porque tenho medo sim. E meu medo pode ser engolível para os mortais (minhas contas, compromissos, blá, blá, bla) e ele pode ser aquele pedaço que nego, que adoro e que me dá a graça de experimentar a angústia, de graça.

Desculpe, estou um tanto enorme dento de mim hoje! E o J. me ajuda nessa configuração que chego a pensar que é dele que vem a tal da força. Mas eu quero que venha de mim, e eu sei que vem de mim.

A contradição posta me bota de cara na parede. É dele que vem o conforto e o colo (você sabe) e a vontade de abstrair o que pulsa e obstrui a glote, como as alergias.

Um dia ainda te escrevo uma poesia. É que não sirvo para isso por enquanto, ando gelada de tanto medo.

Adoro catar conchas!

E se a onda levar todas elas?

Bjs

G.
G.

Achei bonito esse troço de rosnar para intrusos. Acho que eu os tenho deixado chegar perto demais.
Pode ser que uma auto-rosnadinha carinhosa também seja uma boa coisa a se fazer.
E já que a coragem só existe porque sentimos medo, acho que podemos dar um crédito ao instinto.

Ontem fiquei entregue aos assuntos acadêmicos e o dia até que terminou bem. Melhor do que imaginava. Mas não fosse por um certo almoço e uma longa conversa/colo no meio da tarde ele teria sido meio insosso. O chá me manteve acordada até às 4 da matina e pude estudar as relações entre canção popular e literatura para uma prova às 6. Não lembro do que sonhei. Ando esquecida.


Quero te falar do sapato que comprei e esqueci na loja, da música perfeita para o momento perfeito, que há tempos não ouço e ando procurando e até já te imaginei catando as conchas.
Te encontro então às 18 para o ventinho praiano das nossas tardes de verão. Um alento, afinal.

E.

...

Me empresta o mertiolate? E mais a gaze, o mercúrio cromo e o iodo cor de hospital. Isso dá conta do último arranhão. Mas seria preciso também que você em emprestasse uma maca e outros vários tipos de objetos cortantes.

bisturi sabre
faca florete

Me deitaria e uns médicos com cara de nada me abririam inteira, ia ficar bem escuro e o tempo pararia. Cada pedacinho de carne quente seria inspecionado a procura do que me embrulha o estômago. Tirariam de lá de dentro toda a parte azeda de mim.

E.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

um tempo atrás

E.

Só porque acordei às 6h e não vi o mar - fugidio de tão possível- a 50 metros de casa.

Ladrilhos

De tropeço em tropeço é que me pareço
um tanto mais humana.
Percalços.
Descalços
Andarilhos.

Para mim
sonhos e doce de leite.

Sapatos.

Para mim
destino indefinido.

Parênteses

Para os tombos meus...
“Mertiolate”

(isso foi meu um tempo atrás)

G.

mulheres em 1938. Algumas décadas e?

DON´T DRINK TOO MUCH, as a man expects you to keep your dignity all evening. Drinking may make some girls seem clever, but most get silly...